Quem aqui lembra do bug do milênio? Aquela expectativa apocalíptica
de que, na virada do ano 2000, os computadores entrariam em colapso,
causando problemas no mundo inteiro, que alguns chegaram a anunciar o
apocalipse por causa disso. Quem lembra? Mas já faz tempo. Quase 20
anos se passaram. Nada aconteceu. O ano 2000 virou e nada aconteceu
com os computadores, com as torres de comando de aeroportos (alguns
interromperam as atividades dos aeroportos durante a virada do ano
porque pensaram que os computadores parariam e não seria possível
realizar o controle de tráfego aéreo gerando, consequentemente,
acidentes). Mas nada aconteceu. Tudo continuou normalmente. Aliás, o
velho ditado “mil passará, dois mil não chegará” referindo-se
ao fim do mundo no segundo milênio também se mostrou sem sentido.
Estamos às portas de 2020. Nada daquilo aconteceu. Muito pelo
contrário.
Alguém sabe ou lembra o motivo do medo dessa pane geral nos
computadores na virada do ano 2000? É que, por causa da pequena
capacidade de armazenamento de dados dos computadores daquela época,
os programadores (desde a década de 50 e 60 e até o fim do século),
costumavam utilizar apenas 2 dígitos para armazenar o ano nas datas.
Assim, um ano de nascimento 1977 era armazenado como 77, para
economizar espaço em disco da parte “dispensável” do ano, que
era o “19”. Afinal, todos sabiam que era 19??, ou seja, algum ano
do século XX, mil novecentos e alguma coisa. Os HDs dos computadores
(naquela época, chamavam winchester) tinham pouco espaço (mesmo os
de empresas, às vezes tinham apenas 40 Mb de espaço para
armazenamento, os primeiros tinham 5 Mb! E eram enormes em tamanho)
e, consequentemente, o preço para armazenar dados era absurdo. Esses
2 dígitos economizados no ano (o 19 do século), num cadastro de uma
pessoa com data de nascimento, data de admissão de um emprego, data
disso ou daquilo, geravam por vezes uma economia de 10 ou 20 bytes!
Hoje isso parece ridículo. Mas numa lista de 10 mil cadastros, eram
100 ou 200 mil bytes (100 – 200 kbytes). Num HD de 40 Mb, já
significava alguma coisa. Multiplique isso para outros cadastros e
grupos de informações e realmente, no início, era uma preocupação,
essa “economia” de espaço.
E se tornou um hábito dos programadores usar apenas 2 dígitos para
o ano. Ninguém pensou que um dia chegaria o fim do século. Era algo
muito distante para os programadores da década de 70 ou 80. Talvez
ninguém acreditou que aqueles programas e bases de dados estariam
funcionando até a virada do milênio. Mas quando o ano 2000 chegou,
uma data armazenada como “16” ou “45”, que representavam 1916
ou 1945 poderia muito bem ser interpretada pelos computadores como
2016 ou 2045. Ninguém sabia, enquanto falavam sobre o bug do
milênio, como os computadores se comportariam. Se as datas
armazenadas nos bancos de dados fossem interpretadas de forma
incorreta, o que então aconteceriam aos sistemas? A preocupação,
no início, era com a economia de espaço. Os HDs tinham 20 ou 40 Mb
de espaço!!! como não se preocupar com espaço. Armazenar imagens e
músicas era impensável. Armazenar um vídeo de 2 minutos que ocupa
sozinho 3 ou 4 mb num computador que comporta no total, para todas as
suas funcionalidades, apenas 20 ou 40 mb era questão de ficção
científica. E era mesmo. Na época que eu fazia meu curso de
informática (1992-1995), um professor citou certa vez sobre
capacidades de armazenamento dos computadores. Naquela época,
vivíamos com os computadores de megabytes. Os Gigabytes eram coisa
de grandes empresas. Ele citou uma vez o terabyte e disse que talvez
apenas a NASA tivesse essa capacidade de armazenamento!
Hoje em dia, qualquer notebook comprado em loja de departamentos tem
1 Tb de armazenamento (ok, os mais baratos ainda tem 500 Gb, mas
ainda é muito).
A maioria das pessoas que adquirem um equipamento desses não sabe
que nunca usarão tanto armazeamento de dados assim. Muitos têm um
computador com essa capacidade, mas só usam 10 ou 20% desse total. O
restante fica lá, sem usar.
E pensar que antigamente brigava-se por 5 mb de espaço. Que
pensou-se que haveriam tragédias na virada do milênio por causa da
economia de espaço.
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